quinta-feira, 15 de julho de 2010

Leandro e Bruna

Eles eram vizinhos. Nasceram quase na mesma época, ela era mais nova dois meses. Leandro parecia um estranho no ninho, mas nem por isso Bruna deixava de brincar com ele. Lógico que só o abandonava para brincar com Jujuzinha, a boneca do momento. Construíram uma infância juntos. Ela dizia que queria ser professora, porque a dela, era o máximo. Ele queria ser aviador, voar igual ao Superman.

O tempo passou e os dois se separaram. O pai dele era um aventureiro, tinha sonhos como qualquer mortal e vendeu a casa que fora de seu avô para arriscar tudo em uma empreitada incerta na Bahia. Mudaram-se no verão de 1985 quando os dois tinham exatamente 12 (doze) anos.

Bruna era o tipo de garota que deixava os meninos no chinelo, literalmente. Não gostava que chegassem perto, que senão dava uma lição neles. E o único menino que poderia brincar com ela era Leandro.

Já Leandro era totalmente diferente de Bruna e gostava de ficar rodeado de por muitas garotas. Mas desde pequeno era ela que o encantava.

Aquele verão de 1985 foi desesperador. E agora? E a amizade deles? Porém, não desistiram e resolveram trocar cartas. E quem sabe um dia encontrar-se novamente.

A primeira carta veio cheia de expectativa, com todas as novidades da Bahia e o que o Leandro achava de mais engraçado, do que havia encontrando por lá. Bruna respondeu dizendo que na rua estava tudo bem e que ela tinha parado de bater nos garotos.

E assim foi... por cinco longos anos, trocando fotos e até mesmo paisagens. Até que as cartas cessaram. Um dia, Bruna, ao tentar enviar uma carta, recebeu como resposta: “destinatário inexistente”.

Estava então terminando o Colegial e resolveu prestar vestibular para Medicina com êxito. Teve o seu primeiro namorado, o Carlos, aprendeu a dirigir, e quando completou 18 anos ganhou um carro - usado, mas um carro - de presente. Medicina era uma carreira muito complicada, mas continuou estudando e lutando contra tudo para que o seu sonho se realizasse. Carlos era um cara de temperamento difícil ela o conhecera no ginásio, porem só começaram a namorar mesmo quando estavam no segundo ano do colegial. Ele tinha a fama de ser mulherengo, mas Bruna não estava nem aí queria mesmo é ser feliz e não dava ouvidos ao que os outros diziam.

Ao completar 20 anos, conheceu o que era a morte de verdade. Seus avós morreram em um acidente de carro, numa viagem à Rio das Ostras, onde foram descansar no carnaval. Ficou melancólica, triste e quando mais precisava do apoio de seu namorado não teve. Até que o seguiu e descobriu o que falavam para ela.. Terminou tudo, devolveu presentes. Inclusive jogou na cara dele o que ele, carinhosamente, chamara de ‘aliança de compromisso’. Fazia muito tempo que Bruna não pensava em Leandro como pensara nesse momento difícil “Ele estaria aqui para me apoiar!!!” – pensava Bruna.

O tempo foi passando e ela foi crescendo com a vida: conseguiu se tornar uma grande médica, se divertir e rir, reaprendeu a chorar, casou numa viagem a Tailândia e descasou quando voltou ao Brasil, e aprendeu com as crianças do setor de oncologia do Hospital onde trabalhava que sorrir era o melhor remédio.

Até que há um ano atrás, Bruna estava andando com a pressa que era o normal do seu dia-a-dia e cruzou com um homem. Não deu atenção. (Mas ele deu) e a chamou pelo nome: “Bruna”. Ela olhou para trás e levou um susto. Ficou estática. Não acreditava no que estava acontecendo. Deu um sorriso de canto de boca. O homem era da Aeronáutica, alto e cabelos para trás. Ela disse: “Não acredito!”

“Acredite! Realizei meu sonho, Bruna. Virei o ‘Superman’”. E Bruna e Leandro abraçaram-se, matando as saudades. E estão juntos há, exatamente, 10 meses. Leandro não sabe, mas Bruna está grávida de 2 meses. E agora está sentada na varanda da casa, esperando-o chegar para contar a novidade...

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